
Domingo(12), no final da tarde, fui dar uma olhada nos emails e, como sempre uma navegada na net , fui até o blog www.pontodevista.jor.br/blog/ do W.U, e piratiei esse artigo no blog do professor. Boa leitura
INTELECTUAIS EM EXTINÇÃO
Morreu o militante, jornalista e intelectual Luiz Pilla Vares. A revista Sextante, do semestre 2007/2, tendo por tema entrevistas, produzida pelos estudantes de jornalismo da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) talvez tenha publicado a última entrevista concedida por ele. Lembro ter passado algumas aulas preparando o aluno Leonardo Klück para o encontro com ele. Passei ao estudante, entre vários indicações de leitura, um texto escrito pelo Pilla quando começava desmoronar os regimes do leste europeu. Pilla escreveu, na ocasião, um curto artigo cheio de emoção com o título “Nos que amávamos tanto a União Soviética”. Contei também, a este aluno, muitas histórias da trajetória de militância do Pilla. Por gozação, na redação de Zero Hora, era chamado de Pilla Vários; trocou muitas vezes de organização política. Ao ingressar na base do Partidão (PCB), no Colégio Júlio de Castilhos, fiz um curso de formação de quadros coordenado pelo ele. Pela primeira vez ouvi falar de alguns pensadores marxistas, quebrando minha formação familiar, stalinista. Lembro que a relação de livros a serem lidos era enorme. A leitura do Programa de Transição, de Trotsky, tinha especial importância. Foi também através dele que, pela primeira vez, ouvi falar na Polop (Política Operária), uma pequena organização de intelectuais que após 1964 passaria a ter um papel decisivo na formação de uma nova esquerda. Foi um dos fundadores do POC (Partido Operário Comunista). Pilla era um torcedor fanático do Inter. Como carnavalesco era Imperadores do Samba. Era todo vermelho. Teve uma época, nessa cidade, que os jornais publicavam debates sobre filmes que estavam em cartaz, envolvendo nomes como Pilla Vares, Jefferson de Barros, Enéas de Souza e Onofre Pinto. A última vez que estivemos juntos foi quando da realização de um encontro, promovido pelo Raul Pont, em comemoração aos que militavam no movimernto estudantil em maio de 68. Nos 40 anos de maio de 68. Na ocasião, ele dizia estar muito emocionado por estar reecontrando tantos companheiros ao mesmo tempo. Tenho insistido com o estudantes de jornalismo para não perderem a oportunidade de conhecer pessoas desta geração. Pode parecer uma obviedade dizer, mas morreu um tipo cada vez mais raro: um intelectual orgânico dos trabalhadores.
Estamos tristes. Em sua homenagem abri uma garrafa de cachaça envelhecida por dez anos. Era o mínimo que eu tinha que fazer. Saudações camarada. Até a vitória.
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